quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

*Origami de Tsuru

*Origami de Tsuru

O tsuru é uma ave sagrada que vive mil anos e que alguns chamam grou, outros cegonha, outros ainda, juriti e que tem o poder de conceder desejos. A crença nos poderes do tsuru é tão grande que os adolescentes japoneses fazem mil dobraduras para passar no vestibular. É muito comum no Japão, alguém fazer os “mil origamis” de Tsuru para realizar algum desejo.

O Monumento da Paz das Crianças, no Parque da Paz em Hiroshima, nasceu graças ao tsuru: uma das crianças afetada pelos efeitos da bomba atômica, Sadako Sassaki [1945-1955] dobrou 964 tsurus pedindo pela Paz Mundial. Seus amigos completaram com mais 36, a tempo para o enterro de Sadako. A idéia se espalhou e todos os estudantes das escolas do Japão e de outros nove países conseguiram juntar fundos para a construção do monumento [inaugurado em 05/05/58]. Todos os anos, no dia seis de agosto [Dia da Paz], o Monumento recebe milheiros de tsurus de papel vindos do mundo inteiro — no ano passado uma escola de línguas em Novo Hamburgo/RS enviou mil dobraduras em verde e amarelo para Hiroshima.

A cada tsuru dobrado repete-se o pedido; depois de ter mil origamis prontos prende-se um ao outro com barbante numa espécie de móbile. Além de vestibular e cura de doenças, o tsuru também é usado em ocasiões festivas [casamentos, nascimentos, datas cívicas, etc] já que simboliza saúde, prosperidade e longevidade.

*Mito de AMATERASU - Kami do Sol

Amaterasu vivia em uma gruta, em companhia de suas criadas, que lhes teciam cotidianamente um quimono da cor do tempo. Todos os dias de manhã, ela saía para iluminar a Terra. Até o dia em que seu irmão, Susanoo, deus do Oceano jogou um cavalo esfolado nos teares das criadas tecelãs. Assustadas, elas se atropelaram, e uma delas morreu, com seu sexo furado por sua própria laçadeira. A deusa Amaterasu não apreciou a brincadeira: não gostava de cavalo cru. Zangada, recolheu-se em sua gruta e a luz desapareceu. E o pânico foi semeado até no céu, onde viviam os deuses e as deusas, que como os humanos, também não enxergavam nada. Eles se reuniram e bolaram uma estratagema. Pediram a Uzume, a mais engraçada das deusas, que os distraísse diante da gruta fechada em que Amaterasu estava amuada. Uzume não usou de meios termos: levantando a saia, pôs-se a dançar provocantemente, exibindo suas partes íntimas com caretas irresistíveis. Estava tão divertida que os deuses desataram na gargalhada... Curiosa, Amaterasu não aguentou: entreabriu a pedra que fechava a gruta, e os deuses lhe estenderam um espelho onde ela viu uma mulher esplêndida. Surpresa, ela se adiantou. Então os deuses agarraram-na e Amaterasu saiu para sempre de sua gruta. O mundo estava salvo.

*Yamata no Orochi

Criatura que possuía oito cabeças, oito caudas e olhos vermelhos. Tinha musgo e árvores em suas costas. Era tão grande que ocupava oito vales e oito picos. Anualmente, Orochi exigia o sacrifício de oito virgens.

Há milhares de anos atrás, no Japão, acreditava-se que os deuses, feras e humanos conviviam na mesma terra. Os humanos ofereciam sacrifícios aos deuses em gratidão aos poderes sobrenaturais que os mesmos usavam para ajudá-los e as feras e monstros não interferiam muito com os humanos.
No entanto, este equilíbrio era prejudicado quando Izanagi, o primeiro rei dos deuses (equivalente a Urano, na mitologia grega) entrava em guerra contra sua mulher, Izanami (equivalente à Gaia, na mitologia grega), pelos seus filhos. A guerra criava, consequentemente, seres malignos - os Oni (ogros) - como soldados, assim como dragões, que cresciam das plantas que bebiam o sangue dos deuses.
Obviamente, nem todas essas novas feras eram más, mas o mal espreitava o coração dos deuses durante a guerra (sendo expostos às emanações do inferno), então, os dragões que nasceram deste sangue tornaram-se maus. Yamata No Orochi, ou “Grande Serpente(dragão) de Oito Cabeças” foi uma destas criaturas divinas.
A terra de Izumo foi então agraciada com a presença da bela princesa conhecida como Kushinada. O Orochi amaldiçoou Izumo com a sua presença pouco tempo depois que Kushinada completou 16 anos e ordenou que fosse feito o sacrifício de oito donzelas, a cada lua cheia, para satisfazer a sua fome. Se falhassem em cumprir o sacrifício, o Orochi ameaçava destruir a terra. Os anos passavam, enquanto as donzelas sumiam dos campos; até que só restou a princesa Kushinada a ser sacrificada para que o povo de Izumo fosse poupado. O deus Susano No Mikoto apareceu por aquelas terras nessa época. Foi amor à primeira vista quando ele viu a Princesa Kushinada, aos prantos em sua janela. Ele prometeu ao rei que daria um fim ao Orochi com a condição de que pudesse tomar a mão da bela princesa em casamento.
No noite do sacrifício, foram oferecidas ao Orochi oito jarras de sakê. O servo que as trouxe disse ao Orochi que ele deveria entreter-se com o álcool primeiro e então aproveitar a sua tão esperada refeição. O Orochi concordou e mergulhou as oito cabeças nas jarras. Não demorou muito até que se ouvisse a grande serpente roncando em sua bebedeira.
Foi então que o servo mostrou sua verdadeira identidade: o deus do trovão Susano no Mikoto! Com sua espada, ele cortou cada cabeça do Orochi. De seu ventre caiu o sagrado orbe da vida, o Magatama, e da última cabeça cortada rolou uma lágrima que se tornou um Espelho.
Susanoo deu como presente à sua irmã Amaterasu a Mata-dragão - ou espada Kusanagi, ou ainda Ame-no Murakumo. Deixou em Izumo o orbe Magatama e o Espelho, que foi dado à princesa Yata, irmã mais nova da Kushinada.
Estes três objetos são hoje conhecidos como “Os Três Tesouros Sagrados do Japão” e diz-se serem preservados no palácio imperial em Tóquio.

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